No próximo dia 06 de maio de 2013, o Sr. Altino Bueno da Silva estará de aniversário. Oficialmente ele fará 110 anos de vida embora seus amigos afirmem que é muito mais. Acho que ele merece alguma homenagem especial.
Altino Bueno da Silva / Foto: projeto MEMÓRIA VIVA DE FRAIBURGO
Em sua vida Seu Altino foi testemunha de mais um século da história do mundo. Acompanhou o ambiente da construção da ferrovia São Paulo-Rio Grande do Sul, uma das causas da Guerra do Contestado, vivida bem de perto; passou pela primeira e pela segunda guerra mundial, que tantos malefícios trouxe para a humanidade; é mais velho que todos os municípios do meio-oeste de Santa Catarina e também da grande maioria dos outros municípios catarinenses; viveu intensamente os primórdios de Fraiburgo, ainda quando aqui era uma simples fazenda de gado e uma passagem de tropeiros em viagem para Sorocaba-Sp. Viveu e ajudou, com seu trabalho, intensamente o nascimento do vilarejo, depois cidade e por último do nosso município.
Seu Altino adotou esta cidade para viver. É, e sempre foi, um homem pobre, mas com sua honradez, ao lado de sua esposa Dona Maria Silvalina Rodrigues, formou um família e criou seus 7 filhos, dentro do mais alto espírito do amor e da fraternidade. Hoje vive ao lado de sua família, na Avenida Caçador, no centro de nossa cidade.
Há algum tempo entrevistei seu Altino e naquela ocasião ele me dizia: "No meu tempo de criança era muito bom de se viver. Meu pai me amarrava sobre o cavalo e íamos passear nas casas dos outros. Era muito bom. Tinha muito pinhão e muitas frutas. Tinha tanto porco solto que escurecia os terrenos. Tinha tateto, paca, viado, muitas aves. A família toda comia muito bem. Meu pai vendeu uma vaca e comprou um pedaço de terra. Derrubava os pinheiros e os lascava e “farquejava” para fazer tábuas e com isso construiu uma casa para a família, ali perto de Rio das Antas. Era uma casa boa. Aí veio o reduto (Guerra do Contestado). A coisa ficou feia. A partir daí a vida ficou muito difícil... tivemos que fugir... nós vivíamos fugindo, nos escondendo, porque eles matavam, não interessando se fossem crianças ou adultos. Eles matavam mesmo. Todos os “do reduto” matavam... e as crianças também andavam armadas e matavam. O medo se implantou... Quando veio a serraria dos Frey fui trabalhar na derrubada de pinheiros. Era muito pinheiro que um disputava lugar com o outro. Às vezes era difícil usar o machado porque ele batia no pinheiro que ficava muito perto. Muito tempo depois veio a serra americana. Ela era puxada por dois homens (um de um lado e outro de outro lado). Aí era mais fácil... Agora depois de muito tempo estou aqui. Não vivo. Não morro. Todos os mais antigos já morreram, se foram...". E por aí vai.
Por tudo que que fez por nossa terra, ajudando no seu nascedouro e crescimento, e pelo grande homem que é, Seu Altino deve ser tratado com todo o amor e todo o carinho, especialmente pelas pessoas da nossa Fraiburgo.
Seu Altino: Que Deus lhe dê sempre o melhor porque, o senhor merece, de todos nós, o maior afeto do mundo. Muito obrigado pelo que fez por todos nós fraiburguenses.
Parabéns seu Altino.
Ari Guindani