Por: Adriano Ribeiro
Em uma aula, destas que só se tem em
campanha política, ouvi daquele que é uma lenda em andanças do seu PMDB ou MDB
como gosta de chamar, o ex-prefeito de Caçador, Imar Rocha, o Coco, que
campanha de vereador ou deputado é inglória. Explicou-me: ‘teu concorrente é o
teu aliado mais próximo’, visto que disputa a mesma base eleitoral, aquela dos
militantes do partido. Recorro a esta passagem para explanar sobre o
que pode acontecer a partir da pré-candidatura do caçadorense Valdir Cobalchini
(PMDB) a deputado federal. Na última eleição elegeu-se como o mais votado do
PMDB com 62.465 votos. Compartilhou estes votos, especialmente em sua base, o
Meio-oeste, com vários parceiros que concorreram ao Congresso Nacional,
especialmente Celso Maldaner, Valdir Colatto e Mauro Mariani. Em
política não há como carimbar votos como seus, mas é lógico que existe uma
sinalização, uma aproximação do eleitor para votar em quem aquele mais próximo
aponta. Pois agora, com Cobalchini federal, esses votos que migraram para
parceiros peemedebistas deverão regressar a um nome que já é consolidado em
toda a região Meio-oeste. Mauro Mariani,
neste contexto, seria o menos prejudicado. Caso concorra a reeleição, tem
‘gordura de sobra’ para queimar. Fez 186.733 votos na eleição em 2010.
Calcula-se que neste ano, uma eleição a federal no PMDB fique em 100 mil votos.
Um seja, se perdesse praticamente 40% dos votos que fizera, estaria reeleito. Para escrever este artigo tive o cuidado
de me apoiar em números. Política é sentimento, ideal comum, mas também
matemática. Sem votos necessários não há eleito. Não há político. Constatei
através dos números que Celso Maldaner e Valdir Colatto (que ficou como
suplente na última eleição) seriam os deputados federais atuais mais
prejudicados com uma candidatura do Caçadorense. Ambos têm nas cidades do
Meio-oeste a maioria das quais, fizeram mais de 100 votos em suas respectivas
campanhas. Colatto fez 27.484 votos ou 32% de seus
86.725 votos em cidades onde sua foto apareceu na urna por mais de 100 vezes.
Estes municípios, a imensa maioria são do Meio-oeste: Videira (1.839); Caçador
(1.129); São Lourenço do Oeste – onde Cobalchini é forte – (1.008); Joaçaba
(845); Curitibanos (803); Fraiburgo (553) e por ai vai; Tangará, Iomerê, Lebon
Régis, Calmon, Rio das Antas etc. Ver gráfico ao lado. Com Maldaner a “dependência do
meio-oeste” é ainda mais intensa. São 26.906 votos ou 28,5% em cidades onde fez
mais de 100 votos. Destas, as mais votadas são todas da região: Videira (3.968);
Campos Novos (2.922); Caçador (2.519); Concórdia (2.427); Capinzal (1.593);
Fraiburgo (1.339); Tangará (1.315); Porto União (1.250) São Loureço do Oeste
(1.144); Salto Veloso (1.115) Rio das Antas (810); Curitibanos (607) e outras
cidades da região. Colatto e Maldaner fizeram 86.725 votos e
93.455, respectivamente, na eleição passada. Ou seja, menos dos 100 mil que um
peemedebista precisa fazer para garantir seu passaporte ao Congresso Nacional
neste pleito. Saem prejudicados ainda pelo fato de ambos disputarem a mesma
base, o Grande Oeste, onde o próprio Cobalchini consegue seus votos; e ambos
precisam dos votos daqui para alcançar a eleição. Prejuízo duplo que indica que com
Cobalchini no páreo, cujo nome está estadualizado através da Secretaria de
Estado da Infraestrutura, irreparavelmente, um dos dois ficará pelo caminho.
Vice-governador: a alternativa
Final de semana, em Joaçaba, iniciou
um movimento nas internas do PMDB que poderá ser um excelente remédio para a
falta de espaços políticos para deputado federal. Lideranças acenaram que
gostariam de ver Valdir Cobalchini compondo como vice-governador, na chapa com
Raimundo Colombo (PSD). É um movimento que ecoará em todo o Estado, com
certeza, dada a necessidade do PMDB de renovar e criar novos quadros. Nesta região do Meio-oeste, este sentimento é
mais forte ainda. A região ainda sofre os danos da Guerra do Contestado e
depende de desenvolvimento. Um deputado federal ajudaria. Agora, um
vice-governador seria perfeito para que o Estado passasse a pagar a dívida que
tem com a região. Lideranças políticas e apolíticas manifestam-se nesse
sentido. Um movimento que nasceu na pujante Joaçaba, em um final de semana
gelado, tem tudo para aquecer a política estadual.