Delação relata que Cardozo
conversou com Colombo para soltar réus.
Já governador diz que Cardozo
nunca pediu a ele contato com o Judiciário
O governador
de Santa Catarina, Raimundo Colombo (PSD), foi citado na delação premiada do
senador Delcídio do Amaral (afastado do PT) na Operação Lava Jato. Também foram
citados na delação os nomes dos representantes do judiciário catarinense Nelson
Schaefer, então presidente, em 2015, do Tribunal de Justiça de Santa Catarina
(TJSC), e Newton Trisotto, então ministro do Superior Tribunal de Justiça
(STJ). Atualmente, ambos atuam como desembargadores no TJSC. No esquema que Cardozo
conversou com Colombo, segundo a delação, "A ideia era indicar para uma
das vagas do STJ o presidente do TJ/SC, Dr. NELSON SCHAEFER". "Em contrapartida, o ministro
convocado, o Dr. Trisotto, votaria pela libertação dos Acusados MARCELO
ODEBRECHT e OTÁVIO MARQUES DE AZEVEDO (ANDRADE GUTIERREZ). A investida foi em
vão porque o Desembargador convocado Trisotto se negou a assumir tal
responsabilidade espúria. Mais um fracasso de JOSÉ EDUARDO CARDOZO em conseguir
uma nomeação”, conforme a delação. Outro
trecho do documento explica melhor o esquema. "A ideia era ver se TRISOTTO
'aliviava na mão' e, em troca, Santa Catarina 'ganharia' um novo Ministro do
STJ". Outra parte da delação relata que "CARDOZO achava que COLOMBO
iria convencer TRISOTTO a participar da 'estratégia'". Segundo Delcídio, a conversa entre Cardozo e
Colombo ocorreu em julho de 2015, durante um seminário em Florianópolis. De
acordo com o documento, “ele [Cardozo] aproveitou a oportunidade para falar com
COLOMBO; QUE, porém, ‘as coisas não andaram’ e a estratégia se mostrou
absolutamente equivocada e desastrada”.
Em nota divulgada na tarde desta terça, o governador afirma que Cardozo
"nunca me pediu para que intermediasse ou fizesse qualquer contato com o
Judiciário". O G1 entrou em
contato com os gabinetes de Schaefer e Trisotto no TJSC, mas não obteve
posicionamento de nenhum dos dois até a publicação desta notícia.