Por Marcel Rodrigo de Lemos
Hasta la
vista, é uma frase mundialmente famosa e associada ao ator Arnold
Schwarzenegger, a qual foi dita por ele, no filme: O Exterminador do Futuro 2
(1.991). No contesto da película hollywoodiano, ela (a frase) exprimiu um
sentimento de: "estas são as últimas palavras." Então, findados 4
anos do seu governo, esta pode ser a primeira e última vez de Ivo Biazzolo no
comando do executivo municipal, assim, Le.Sete faz uma análise comparativa
sobre o que se prometeu na campanha e suas ações na prática.
O ano era 2012
e a cidade estava em um clima de insatisfação, insegurança e pressão, por
sinal, muita pressão por parte da prefeitura. Era o final de 8 nebulosos anos
de perseguições e forte austeridade fiscal, após 2 mandatos do ex prefeito
Nelmar Pinz (PMDB), onde o crescimento econômico travou (perdemos muitas
empresas) e que desembocavam no descontentamento de boa parte da cidade. Tudo
caminhava para a mudança.
Assim, este
era o clima para a eleição naquela época. De um lado, estava o vértice das
esperanças, depositado na voz de Ivo Biazzolo (PSD), ex vice do Pinz no
primeiro mandato, considerado (pelas declarações) desafeto daquele e que vinha
de uma derrota para o próprio Pinz. Então, Ivo havia conseguido coligar 6
partidos em prol de um slogan sugestivo: “Pelo futuro do povo de Fraiburgo”, o
que levava multidões em seus comícios.
Com um
candidato a vice, escolhido a dedo, – Juliano Costa (PP) – um então jovem
vereador (o mais votado), nos palanques dizia-se de peito estufado: “estes
ninguém separa”, Ivo encarou Beto Ferreira, do PMDB. Beto era o atual vice do
Pinz, na época, mas que, nem mesmo este o apoiou. Ao final, Biazzolo e seus
12.377 (59.35%) votos venceu o candidato da situação, que obteve 8.479 (40.65%)
apoiadores. Quanto a isto, a título de curiosidade, agora em 2016, o ex
prefeito Pinz e seus 6.888, fez bem menos votos do que seu próprio vice e
desafeto também, lá em 2012. O que
marcaria aquela eleição? ela foi o estopim para uma briga interna no PMDB onde
não se sabia nem quem era o vice na chapa do 15.
A dupla
vencedora, feliz da vida pela conquista
Em campanha,
Ivo Biazzolo (PSD) afirmava que vinha para trabalhar somente 4 anos e bateu em
5 teclas, para o quadriênio 2013/16: * voltar a unir a cidade, * valorizar o
colono, * diminuir a austeridade fiscal, * trabalhar pela geração de empregos e
* lutar por uma saúde e educação dignas! Vencida a eleição e após 4 anos, o
futuro prometido "veio vindo, veio vindo" e enfim chegou. ( Foto: Wilson C. Malinoski)
O primeiro perrengue
Em 01/01/13
Ivo Biazzolo e Juliano assumiam a prefeitura, para juntos mostrarem trabalho. O
primeiro grande perrengue do prefeito foi: como acomodar os pretendentes a um
emprego, já que a coligação era grande? Ao final, entrou e permaneceu
trabalhando, quem mereceu. Todavia, a boca pequena, o pecado teria sido o
desprezo por muitos aliados, deixados de fora e diante disso, não se escapou
dos críticos que, alardearam por aí, o acusando de excessos, mantendo boa parte
da turma do seu antecessor. Isso pegou mal, já que o combinado com o eleitor
era a mudança.
A briga com o
vice
Sem o auxílio
de lupa, nos bastidores da campanha, já se sentia que a união que colocou
PSD/PP no poder, havia sido construída de cristal. Dito e feito, praticamente
um mês depois de eleita, a dupla, se separou sob um intenso tiroteio de
acusações. Era o fim daquilo que ninguém separava e o vice nunca mais pisou na
prefeitura (para trabalhar), até seu gabinete foi reutilizado.
Relação com a
Câmara Municipal
Vereador é
eleito para exercer a vereança, dizia Ivo. Foi assim, curto e grosso, que o
prefeito deu um jeito naqueles que tinham a esperança de deixar a câmara, cujo
salário é menor (mas nada que umas diárias de viagem garantam o pão), para
trabalhar como secretário. Para muitos, esta foi uma atitude sensacional,
porém, teve seu custo, uma briga com o legislativo durante os 4 anos
subsequentes, com direito a uma oposição ferrenha e também, com criticas nos
subterrâneos da câmara, muitas vezes, vindas dos próprios aliados que sonhavam
com uma secretaria.
Trabalhar e
não fazer política
Essa frase
também marcou este mandato, tanto que o prefeito nem quis concorrer a
reeleição, talvez já saberia do reflexo disto. Sempre reclamando da falta de
dinheiro, das dívidas dos antecessores e da queda na arrecadação, isto
justificaria algumas de suas falhas. Ao contrário de Nelmar Pinz, que pegou um
tempo de vacas gordas, Ivo encarou o governo Dilma, onde a crise teve maior
ênfase. Assim, sua estratégia foi manter, sem muita volúpia, a infraestrutura,
priorizando o hospital. Sempre demonstrando dificuldade para cumprir os limites
legais, honrar salários e fornecedores, o prefeito exonerou muitas pessoas.
Isto teria azedado algumas relações, todavia, boa parte deste pessoal, Ivo
pegou de volta. Na prática, a reclamação geral era de que muitas pessoas que o
procuravam, davam com a cara na porta ou eram direcionadas para os seus
assessores. Na cadeira de prefeito, Ivo não foi muito de atender, pessoalmente,
a todos, aliás, sua personalidade demonstra ser introspectiva. ( Prefeito trabalhando no gabinete - Foto: blog do dia)
Os escândalos
Neste aspecto,
o prefeito foi rígido. No primeiro ano de mandato, surge o primeiro escândalo,
Ivo demite seu secretário de saúde, Jonas Tadeu Cardoso (PP), motivado por
denúncias. Posteriormente, e aí sim a gota d`água para se escancarar a briga
com o vice, exonerou também sua primeira secretária de educação, professora
Elionete Francescato (PP). Neste instante, o PP se retira da base entregando
todos os cargos do governo (menos o de vice prefeito), tornando-se oposição.
Aos seus assessores, ele reclamava muito da forma de atuação desta. ( Foto: blog do dia )
Outro
escândalo foi o caso do seu amigo particular, escolhido para comandar a
Sanefrai, Eloi Regalin. Destarte, Eloi foi notícia nas páginas policiais dos principais
jornais catarinenses ao figurar em uma delação premiada que originou uma mega
denúncia. Hoje, ele é réu em uma ação na justiça, sobre um esquema milionário
de corrupção, denominado, “Operação Patrola” que estarreceu a região. O amigo
do Ivo foi acusado de ter recebido uma propina no valor de R$ 25.000,00.
Outrossim, Eloi Regalin já havia deixado a administração para atuar na campanha
da prefeita eleita, quando a bomba estourou.
O futuro
chegou
Fraiburgo, em
números, traduz o que somos e o que representamos, sendo que, não evoluiu
conforme as necessidades e as expectativas.
População
O último censo
nos mostra que em número de habitantes, em 2010, éramos 34.553 pessoas sendo
que o prognóstico para 2015 é de aproximadamente 36.000. Neste sentido,
cresceu-se, todavia, bem menos que a média catarinense e a cidade segue sendo
um pouco maior que Campos Novos e menor que Curitibanos.
O orçamento em
2014 ( últimos dados)
Percebe-se que
Fraiburgo, no quesito arrecadação, veio crescendo (os números de 2015 não se
teve acesso ainda). Na metade do governo Ivo Biazzolo, o confronto entre a
receita arrecadada e a despesa realizada, resultou no Superávit de execução
orçamentária da ordem de R$ 420.991,88, correspondendo a 0,50%. Em 2013
arrecadou-se R$ 76.054.673,59, já em 2014 o prefeito teve nas mãos R$
83.498.298,03. Note que, 51,07% deste valor foram gastos com FOLHA DE
PAGAMENTO, portanto, dentro do limite de 60%, porém gastou mais que o
antecessor. Em 2014 o Legislativo municipal gastou R$ 1.476.969,67, valor
abaixo do limite de 6% - R$ 3.180.836,40.
Obras
principais
* aquisição de
algumas máquinas;
* habitação -
construção de 36 casas populares através do Minha Casa Minha Vida (São Miguel
II);
*reforma e
mudança da Secretaria de Educação de local;
* pavimentação
e recuperação de vias;
*obras de
saneamento;
*algumas
melhorias no lago;
Saúde
A saúde
fraiburguense continuou sendo a grande luta e o maior medo para a população.
Ivo chegou e no primeiro dia já teve um enorme abacaxi pra descascar, o
fechamento do hospital. Para resolver isto, o prefeito, preferiu brigar com as
irmãs da Congregação dos Santos Anjos (juridicamente) que comandavam o local,
há 28 anos, que em contrapartida o acusaram de invasão de forma violenta.
Biazzolo assumiu a bronca e contando com o auxílio da sociedade que criou uma
associação para administrar, destinou R$ 300.000,00 mensais (conforme relatos),
para o hospital. Acontece que, isto por si só, foi seu Calcanhar de Aquiles,
afinal, ficou de mãos atadas financeiramente (segundo ele), e sob uma intensa
acusação de falta de remédios e exames médicos, e também de investimentos em
outras áreas. O PT o acusa de ter rejeitado, inclusive, o programa Mais Médicos
do governo federal, que segundo eles seria um benefício para a cidade. A saúde
no governo Ivo Biazzolo, bandeira que tanto defendeu, deixou a desejar, mas
pelo menos manteve-se o hospital.
Colono
Quanto às
estradas, muitas foram patroladas e cascalhadas com frequência, todavia,
algumas foram esquecidas e outras que precisavam ser alargadas, isto não
aconteceu. Em defesa, diz-se que o tráfego pesado e o excesso de chuva, não as
mantiveram como deveriam. Da porteira para dentro, patrulhas agrícolas foram
adquiridas e alguns incentivos conquistados, mas, há reclamações da falta de
profissionais em algumas áreas e da discriminação, pois teve lugar onde nunca
mais uma máquina passou. (Foto: internet)
PIB Municipal
O PIB per
capita fraiburguense em 2005 era de R$ 28.736,00. Em 2015, a prestação de
contas do prefeito, referente ao ano de 2014, dados fornecidos pelo TC
(Tribunal de Contas), mostrou que o Produto Interno Bruto alcançava o valor de
R$ 574.866.686,004, revelando um PIB per capita à época de R$ 16.521,06, considerando
uma população estimada em 2012 de 34.796 habitantes. Na lista por PIB, no
estado de Santa Catarina, Fraiburgo está beirando a 50ª posição, perdendo para
todas as cidades fronteiriças, a nossa. Lembrando que, neste quesito, já
ocupou-se a 33ª posição, em 2006. Continua-se vivendo um período de pouca
expansão.
Empresas
Quanto a
austeridade fiscal, o prefeito foi bem mais flexível que seu antecessor e isto
lhe garantiu uma boa avaliação (neste quesito), todavia, na prática, Fraiburgo
perdeu força. Fechou-se a única empresa trazida nos últimos 3 mandatos, a
Montana. Agora em 2016, a empresa Fischer SA anunciou o fechamento da sua
serraria, demitindo em torno de 100 pessoas. Empresas como Renar e Pomifrai,
antes alicerces econômicos, seguem restringindo seus quadros e hoje não são nem
a sombra daquilo que representaram, sendo que figuram como grandes estruturas
ociosas, e o pior de tudo não se incentiva a reutilização, não se aluga,
estando a mercê do tempo. Quanto ao comércio, somente nas ruas centrais (aprox.
20), a cidade possuí em torno de 40 estabelecimentos (até o momento) com portas
cerradas, colocadas para alugar ou postos venda. Essa é a realidade. A pior
situação é a da maçã, em crise a muito tempo.
Empresas
atuantes
2011 – 1365
unidades
2014 – 1.287
unidades (metade do governo Ivo)
Salário médio
do Fraiburguense
A média é de 2
salários mínimos nestes últimos anos (Relatório Sebrae – 2013). Porém, em 2013
(1º ano de governo) 1,7% da população ganhava R$ 70,00; 8,6% recebia ½ salário
e 28,6 % tiveram no holerite o valor de ¼ salário.
Pessoal
ocupado (carteira assinada)
2011 – 10.888
2014 – 10.807
Desemprego em
alta
No ano de 2016
(dados fornecidos pelo SINE), Fraiburgo demitiu mais gente do que contratou, ou
seja, até setembro (um ano de medição) haviam sido contratadas 5.946 e
demitidas 6.626, dando um déficit de 680 pessoas (-8,05%). Portanto, de
setembro de 2015 à setembro de 2016 - 680 pessoas - perderam o emprego e não
acharam outra ocupação formal. Desta forma, ocupamos a pior colocação entre os
maiores municípios catarinenses.
IDH - Índice
de Desenvolvimento Humano
O IDH varia
entre 0 (nenhum desenvolvimento humano) e 1 (desenvolvimento humano total),
revelando que quanto maior a proximidade de 1, mais desenvolvido é o país.
Fraiburgo possuí - 0,73. Joaçaba -
0,866 (censo 2010)
Linha da
pobreza
Em 2003, o índice
de pobreza em Fraiburgo, conforme os últimos dados, consentia em 36,98% e o
índice de pobreza subjetiva era de 25,05% (cidades.ibge.gov.br). Talvez nossa
cidade aparentemente esteja bela, mas enfrentamos uma crise e isto assola o
comércio. O índice de potencial de consumo Fraiburgo ocupa a 40ª posição em SC
e 696º no Brasil. Não é dos piores e alguns afirmam que chora-se de barriga
cheia, mas pode-se melhorar.
Educação
Os últimos
dados do IBGE demonstram que Fraiburgo empacou e até mesmo desceu em alguns
quesitos. Confira os dados estatísticos, comparando-se os anos de 2005 e 2015,
nos quesitos pré-escola e ensino fundamental.
1) Pré-Escolar
2005: 13 escolas/ 732 matriculas/ 26 docentes;
2) Pré-Escolar
2015: 22 escolas/ 794 matriculas/64 docentes;
1) Fundamental
2005: 15 escolas/ 3.969 matriculas/ 221 docentes;
2) Fundamental
2015: 17 escolas/ 3.915 matriculas/ 164 docentes;
Hasta la
vista, Ivo
Cumpre
asseverar que, nas ruas, a avaliação é que em muitos aspectos, o governo de Ivo
Biazzolo foi melhor do que o do seu antecessor, todavia, os números revelam que
ele não cumpriu tudo o que prometeu, quando se embasou no slogam: “pelo futuro
do povo de Fraiburgo”, mas também, seria muita exigência, afinal ao criar o
slogan ele não definiu qual tipo de futuro. Assim, ele se
empenhou, e foram 4 anos de mandato que o deixaram de cabelos mais brancos,
tanto que teve até problemas de saúde em determinadas épocas. Portanto, é assim
que Ivo Biazzolo entrará para a história, como o prefeito que venceu uma
eleição depois de 8 anos terríveis, com uma vantagem significativa, carregando
uma esperança gigantesca e que trabalhou, mas, que, terminou seu mandato
deixando a desejar. Tanto é verdade esta frustração da população, que sua
sucessora (apoio irrestrito), agora em 2016 venceu apertado e obteve 5.156
votos a menos do que ele teve, lá em 2012. Ivo e seu sincretismo político,
deixa o palácio da Av. Rio das Antas como entrou, ou seja, sem fazer política.