21/09/2016

Escola cria solução de problema de saúde pública

Dengue foi um dos pontos de largada dos estudos para 
criação de uma horta sustentável.

O que o mosquito Aedes Aegypti tem a ver com uma horta sustentável. Esses dois conceitos, que parecem muito distantes, foram uma solução criada a partir de estudos dos alunos do segundo ano da EEB Cecília Vivan, de Salto Veloso, no meio oeste catarinense. O projeto que iniciou com o combate ao mosquito causador da dengue e outras doenças, culminou com um projeto sustentável.
“São as escolas realizando papel essencial nas sociedades onde estão inseridas, por meio de iniciativas que despertem a conscientização e especialmente o novo jeito de se fazer, adotando medidas ecologicamente sustentáveis” afirmou o secretário executivo da 9ª Agência de Desenvolvimento Regional (ADR), Euro Vieceli.
A iniciativa teve início no começo do ano, quando os estudantes romperam os muros escolares e saíram pelas ruas de Salto Veloso, a procura de focos do mosquito Aedes Aegypti. A partir de uma observação dos estudantes, do volume expressivo de garrafas pets jogadas no meio ambiente, surgiu a ideia de coletar e dar um destino correto a esses materiais, um dos principais criadouros do mosquito.

Com o problema, os estudantes trabalharam na solução: criar uma horta sustentável, que ao invés de plástico em suas laterais e teto, contasse com garrafas pet, devidamente colocadas e acondicionadas para promover o isolamento térmico necessário para a estufa, e que, concomitante a isso, não ocasionasse problemas com a criação e proliferação do mosquito.
Vários estudos e pesquisas foram realizadas até que os estudantes chegaram a um modelo ideal. O projeto contou com a adesão da escola, que por meio de uma gincana, possibilitou que todos recolhessem as garrafas pet, totalizando mais de três mil unidades. Depois disso, os estudantes colocaram a mão na massa e construíram as estruturas para a estufa.
Os componentes foram, em sua maioria, sustentáveis: garrafas pets e bambus. A escola ainda adquiriu manta asfáltica e parafusos para os acabamentos. Os custos para a estufa de 3,5x2,5 não ultrapassaram os R$ 50 reais e para os alunos o aprendizado foi grande.  Segundo eles, a escola que já possui compostagem e cisterna, foi completada com a estufa ecológica.
A previsão é que os trabalhos sejam concluídos ainda esse mês, com a finalização da estrutura e a plantação das primeiras mudas. “Percebemos que podemos ser agentes de um futuro melhor. Que devemos cuidar melhor do lixo que produzimos e que grande parte dele pode ser reaproveitado. Um aprendizado que surge aqui, dentro da escolas, mas que pode ser facilmente desenvolvido em qualquer residência” afirmaram os estudantes.
Para a diretora da escola, Regina Ansilieiro, os grandes beneficiados com esses estudos são as pessoas “É muito importante que a escola cumpra com o esse papel social e de desenvolvimento. Por meio da educação e do estimulo a esses jovens, temos uma sociedade mais critica, mas envolvida e especialmente mais consciente” finalizou Regina parabenizando professores, alunos e todos os envolvidos.

Irrigação automática também é desenvolvida

Juntamente com o projeto sustentável a turma desenvolveu outro aprendizado paralelo. Por meio da tecnologia, foi criado um sistema de irrigação automatizado por gotejamento, utilizando eletrodos. O sistema é constituído, basicamente, por componentes eletrônicos de sucata que tem por objetivo a medição da umidade do solo e seu trabalho é realizado com condutividade elétrica.
O sistema faz uma leitura por meio de eletrodos do nível de umidade do solo, de tal forma que, quando tal nível for atingido, os eletrodos passam a conduzir eletricidade, o qual obstrui o funcionamento de uma bomba d’água, interrompendo o fluxo de água nas mangueiras do sistema de irrigação. Quando o solo está quase seco, a condutividade elétrica cai muito. Os eletrodos param de conduzir eletricidade, permitindo assim o acionamento da bomba que está instalada em uma caixa de captação de água, a qual coleta a água da chuva do telhado do ginásio. A bomba faz com que a água circule pelas mangueiras de irrigação que tem pequenos furos, os quais permitem o gotejamento e a irrigação do solo.
Para os professores coordenadores, Simão Abatti e Nailde Hauwetter, o aprendizado foi aplicado na prática “O conhecimento que se pretendeu com esse projeto não foi só matematicamente, cientificamente ou de tecnologia. O conhecimento foi para a vida, onde o reaproveitamento é mais que uma opção é uma oportunidade de manter o equilíbrio entre o meio ambiente e a produtividade” finalizaram.