23/10/2012

ENTREVISTA COM O PETISTA VALCIR GAIO SOBRE SUA EXPULSÃO DO PT



QUEM É VALCIR GAIO?

Valcir Gaio (50) Agricultor até 24 anos, hoje empresário do ramo de móveis e materiais de construção, iniciou sua militância politica no PT em 1982 na cidade de Xanxerê  e desde 1996 fazia parte do quadro de filiado do PT Fraiburgo.  Sua vinda para a cidade maçã foi motivada por questões profissionais.  Neste período, foi filiado, de 2001 a 2008 foi presidente do partido, onde aponta que o PT teve o maior crescimento (de 70 a 450 filiados).  Em 2004 disputou as eleições na cabeça de chapa obtendo quase dois mil votos.

O QUE ACONTECEU EM 2008?

O nosso partido não conseguiu coligar, pois havia a pretensão da cabeça de chapa ou de ceder o vice, como não foi possível, lançamos oito candidatos a vereador com chapa branca,  considero que esta não foi uma escolha acertada pois, o projeto não deu frutos.

QUEM ASSUMIU O PARTIDO ENTÃO?

A partir de 2008 quem assumiu a presidência foi o sindicalista (SINSER) Gentil Marini, tomando assim outras decisões e repensando um pouco a filosofia partidária, aplicando mais a administração de gabinete ao invés daquela de participação popular.

QUE RUMOS TOMOU O PARTIDO EM 2011?

Nesse período (2011) houve discussão com relação à politica de alianças para 2012.  Nas reuniões sempre ficou bem claro a vontade dos filiados e da maioria dos segmentos organizados de que devíamos criar a sonhada terceira via (projeto alternativo).  Isso nunca foi contra a politica do governo federal, pelo contrário sempre foi incentivado.   Mas, a condução do partido liderada pelo presidente Gentil Marini e pelo secretário Jair Rosentalski tiveram a preferencia de coligar com o PMDB ao invés de tentar fazer o partido crescer.

ESSA INTERFERENCIA ATRAPALHOU O PT?

Em minha avaliação, foi por esta interferência da diretoria que nosso projeto de lançar o candidato próprio com a indicação ao cargo de prefeito pelo Padre Vilson Maiorque fracassou. Se tivéssemos feito isso, o partido não tinha rachado e não estávamos discutindo “afastamentos”.

MESMO COM RESISTÊNCIA O QUE O PARTIDO DECIDIU?

Como disse: 80% dos militantes sempre foi contra coligar, queriam chapa pura. E mais contra ainda coligar com o PMDB (atual administração), fizemos de forma bem clara, honesta, transparente, o nosso protesto em reuniões, fizemos declarações por escrito e, no entanto a diretoria , mesmo com minoria optou por coligar com o PMDB.

TEVE UMA CONVENÇÃO, VOCÊS FORAM OUVIDOS?

Foi um processo tumultuado, não ouve votação, já havia sido decidido pelos dirigentes, apenas foi comunicado a decisão de coligar com o PMDB.  Nós (80%) rejeitamos a proposta e mesmo assim ela foi enfiada “goela abaixo”.  Só nos restou a indignação, a partir desta houve a revolta, entramos com um recurso no diretório estadual (intervir ou impugnar),mas, não havia mais prazo e a decisão ficou mantida.

QUAL FOI A PRINCIPAL MANIFESTAÇÃO CONTRÁRIA?

Manifestamos de imediato apoio ao candidato Ivo Biazzolo (coligação pelo futuro do povo de Fraiburgo), criamos um lema: Sou 13 e Voto 55.  Quero registrar que nossa indignação em momento algum atrapalhou os candidatos a vereador do PT, deixamos todos livres para que pudessem buscar a sua eleição.

QUAL FOI A REAÇÃO DOS DIRIGENTES DO PARTIDO?

Além de nos caracterizarem como “traidores”, eles impuseram várias ameaças na época, que variavam de afastamento até expulsão.  Queriam nos obrigar a aceitar o que a maioria não queria, agora falam que já estou expulso, eu não recebi nada oficial, até porque durante a convenção recebi uma carta a qual foi revogada e convenção.

VOCÊ CONSIDEROU O PROCESSO DEMOCRÁTICO?

Sou ainda secretário de formação do partido, entendo que dentro do PT tudo tem que ser democrático, tudo deve obedecer a regras, mas. Entendo que nesse processo não houve o respeito às regras, a direção descumpriu com as regras. Assim eu fui o primeiro a questionar a situação e ser contra.  Continuo contra a forma que estão conduzindo o partido. O partido está servindo para um pequeno grupo (executiva), considero uma atitude, abusiva, arbitrária, autoritária, só devo ser expulso com a aprovação de todo diretório após análise do conselho de ética e não por dois membros da diretoria.

E O FUTURO DO GAIO A QUEM PERTENCE?

Quero continuar no PT, quero defender a gloriosa bandeira do PT, quero garantir o fortalecimento do partido, vou lutar com todas as armas para permanecer nesta agremiação em todas as estâncias permitidas.  Pois, tenho 35 anos de militância sou um defensor da democracia partidária, inclusive defendo o direito de eles me questionarem, mas que isso seja feita em assembleia e com todos os filiados, faço este desafio.  E ao mesmo tempo alerta se não houver em curto prazo uma reestruturação do PT haverá uma desfiliação em massa 80% deixarão as fileiras do partido em breve.