Reflexão de
um eleitor
Está cada vez
mais claro que no processo eleitoral em Fraiburgo, o grande desafio será
escolher o “melhor” dentre as poucas possibilidades que naturalmente se
apresentam. Em matemática aprendemos que quanto menor o universo de escolha
maior será a chance de escolhermos errado.
O sistema imperfeito sempre nos direciona a indicar e escolher sempre os
mesmos e esperar que eles façam diferente do que fizeram. Poucas serão nossas opções: O PMDB aponta para
Nelmar Pinz, no PSD não há a confirmação de Ivo Biazzolo, de certo apenas que
terão candidato majoritário, no PSDB Edi Lemos vem ganhando terreno e no PP
Juliano Costa tem maioria no diretório e na executiva e deve ser indicado como
candidato oficial. Neste contexto
numérico e sem saber seus vices a eleição se divide em partes iguais e
incertas, digamos que tudo pode acontecer, inclusive nada.
Votar sempre
nos mesmos
Como dizia
Pedro Tadeu: “Porque vota o povo, que protestam que se manifesta, que se
indigna, nos mesmos políticos e nas mesmas políticas contra as quais se
insurge?” Porque é que os resultados eleitorais contradizem, sempre, o aparente
sentimento popular? Porque é que o poder executivo é sempre entregue aos
protagonistas circunstanciais do chamado "bloco central" ou
sedimentados na "coligação de interesses" que gravita e vive do
exercício “clientelar” do poder? Porque, só para dar um exemplo concreto, em
classes profissionais como a dos professores, onde será difícil, depois da
revolta e do aborto do processo de avaliação, encontrar um docente que fale bem
dos três partidos dominantes, muitos votarão, na próxima eleição, num desses
três partidos?
Eleger um sem pecado
Aos eleitores
o sistema eleitoral, na prática (não na letra), só pede isto: a opção entre os
partidos que se apresentam a votos para um ciclo de quatro anos de governação. Em
face desse pedido, o que pode a maioria das pessoas perspectivar? Esperar
eleger alguém, "limpo" dos "pecados" das anteriores governações,
perene há muitos anos, e que radicalmente, em quatro anos, liquide a forma
institucionalizada de gerir impostos e despesas, de distribuir e investir a
riqueza do Estado e, ao mesmo tempo, saiba construir um novo sistema justo e
claro? O receio de que uma ação radical desse tipo traga mais prejuízo que
benefício é obviamente justificável. Resta a esses eleitores receosos optar
pelo político ou grupo de políticos "menos mau". Eles sabem que em
1460 dias os eleitos com o seu voto não irão mudar o que é preciso mudar, mas, esperam,
que alguns dos vícios conjunturais sejam corrigidos.
Votar no “menos
mau”
Essa
esperança, tão curta na ambição quanto é curta uma legislatura, será
absolutamente sensata, nada tem de estúpida, mas criou o vórtice que nos
afundou: essas políticas, erradas, foram no essencial, sucessivamente sem
cessar, aplicadas com a legitimidade do voto popular. Ao fim de cada ciclo
eleitoral torna-se sempre mais difícil reverter à situação e, perversamente, a
posição dos que nos conduziram ao abismo saiu reforçada. E foi assim que
chegámos, a votar de quatro em quatro anos, à crise de hoje, à crise filha do
voto no "menos mau". Quer isto dizer que as eleições são más? Claro
que não. O que isto quer dizer é, em primeira linha, que quem tem propostas
alternativas para apresentar ao eleitorado tem de perceber este mecanismo e, se
quiser ganhar eleições, demonstrar ao povo que, agora, no estado a que isto
chegou, sensato mesmo é deixar de votar "no menos mau" e passar a
votar no que realmente se acha bom.