Segundo
pesquisa do instituto Datafolha sobre as inclinações ideológicas da população
brasileira, o brasileiro médio possui valores comportamentais de direita, mas
manifesta acentuadas tendências de esquerda no campo econômico.
Os
entrevistados responderam a perguntas sobre 16 temas; 41% deles deram respostas
identificadas às ideias de esquerda, enquanto 39% deles deram respostas
identificadas com os valores da direita.
Quase 70% dos
brasileiros defendem que o governo deve ser o principal responsável pelo
crescimento econômico do país; 58% entendem que as instituições governamentais
precisam atuar com força na economia para evitar abusos das empresas; 57% dizem
que o governo tem obrigação de salvar as empresas nacionais que enfrentam risco
de falência e 54% associam a CLT mais à defesa dos trabalhadores do que à ideia
de empecilho ao crescimento das empresas.
Todas essas
visões coincidem com a política econômica defendida por partidos historicamente
ligados à esquerda, como o PT. Nas questões de comportamento, no entanto, o
brasileiro mostra-se mais à direita do que à esquerda (numa proporção de 49% à
direita e 29% à esquerda): quase 90% acham que acreditar em Deus torna alguém
melhor e 83% são a favor da proibição das drogas, ideias essas historicamente defendidas
por partidários da direita.
Ainda segundo
a pesquisa, 88% dos brasileiros com ensino superior são contra o governo atual
do PT. O desvio de verba e a escassez de incentivos ao desenvolvimento presente
no governo de Dilma Roussef são entendidos como principais motivos para esta "rejeição"
vinda de entrevistados com maior escolaridade.
O percentual
de pessoas identificadas com a esquerda aumentou significativamente em dois
meses – de 4% para 10% na esquerda e de
26% para 31% na centro-esquerda – devido
à inclusão de temas econômicos na sondagem. Entre os 10% que são identificados
com a esquerda a média de idade é de 35 anos. A idade aumenta conforme a ideologia se
distancia da esquerda; os de centro-esquerda têm média de 38 anos, os de centro
têm média de 39, os de centro-direita têm média de 41 e os de direita têm média
de 46.
No quesito
escolaridade, o grupo da esquerda é o único onde mais de 20% das pessoas possui
formação superior e o que possui o menor número de pessoas com formação
fundamental (30%). Na direita, por sua
vez, 52% tem formação fundamental. Por
outro lado, este grupo reúne a maior parcela de pessoas com renda familiar
mensal acima de R$ 6.780 na comparação com os outros quatro grupos.
Ao mesmo
tempo, reúne a maior parcela de pessoas com renda de até R$ 1.365.7 A esquerda
é um pouco mais intensa no Nordeste e um pouco menos intensa no Sul; com a
direita ocorre o oposto.
Segundo
pesquisa anterior do mesmo instituto, a inclinação ideológica da população tem
pouca influência na hora do voto, visto que a presidente Dilma Rousseff do PT,
de esquerda, liderou a intenção de voto no ultimo pleito entre eleitores
identificados com a direita e a centro - direita.